Nódulo no Fígado

Nódulo hepático é achado relativamente comum de alguns exames.

O acesso a exames de imagem de rotina tem sido cada vez mais frequente na população (em checkups ou exames de rotina), levando ao aumento do diagnóstico de diversas doenças de forma precoce. Dentre achados muito frequentes, os nódulos (ou tumores) hepáticos se destacam.

Outro motivo para tornar isso mais comum é a qualidade dos aparelhos, que é cada vez melhor e com maior sensibilidade.

Dá-se o nome de tumor (ou neoplasia) a uma proliferação anormail de células, desde aquelas com caráter benigno, até as malignas, também denominadas “câncer”.

O fígado é um órgão que pode apresentar alta incidência de ambas, sendo bem estabelecidos os grupos de risco para cada tipo de tumor, as formas de diagnóstico e o tratamento ou acompanhamento que deve ser realizado com cada paciente, de maneira individualizada.

Dentre os tumores hepáticos benignos, destacam-se três: hemangioma, hiperplasia nodular focal e adenoma. Dentre os malignos: carcinoma hepatocelular (hepatocarcinoma), colangiocarcinoma (câncer das vias biliares) e metástases de outros tumores malignos (neoplasia secundária).

 

Quais exames meu médico pode ou deve solicitar?

Um ultrassom ou ultrassonografia é, mais frequentemente, o exame inicial diagnóstico da presença do nódulo (ou tumor) hepático. Embora o ultrassom possa indicar a probabilidade de se tratar de algum tipo específico de tumor (dentre os citados acima), apenas um exame de imagem dinâmico (com contraste) pode ser considerado para conclusão definitiva do diagnóstico. A tomografia e, principalmente, a ressonância (preferencialmente com contraste hepatoespecífico) têm cumprido este papel de forma cada vez mais precisa, reduzindo progressivamente a necessidade de biópsias.

Além dos exames de imagem, nos casos suspeitos para tumor maligno específico, há uma série de exames de sangue (marcadores tumorais) que podem ser testados.

 

Fiz um ultrassom que mostrou um nódulo hepático.

O que devo fazer agora?

Pergunte inicialmente a seu médico, pois foi ele quem solicitou o exame. Discuta com ele a necessidade de que seja ouvido  um especialista para prosseguir na investigação para, eventualmente, se chegar ao diagnóstico específico do tipo de nódulo. Pois, como já foi dito, cada tipo requer uma abordagem ou tratamento ou acompanhamento diferente.

Todo mundo deve investigar se tem ou não nódulos hepáticos?

Com exceção do carcinoma hepatocelular (que é o câncer de fígado “mais comum”) e das metástases (de quem já tem o diagnóstico de câncer em algum outro órgão), os demais tumores hepáticos não têm definida uma necessidade de investigação de rotina. Assim, quem não tem nenhuma doença crônica no fígado (hepatite crônica, cirrose ou outras) e nem nunca teve o diagnóstico de nenhum câncer não tem motivos para investigar nódulos no fígado.

 

Quem tem mais risco de apresentar nódulos hepáticos?

Como há diversos tipos de nódulos e cada um com uma origem e comportamento diverso, devemos falar individualmente de cada um dos mais frequentes:

  • Hemangioma: nódulo hepático mais comum, chega a ser encontrado em 10% da população. Mais frequente em mulheres, não tem uma causa bem estabelecida, mas suspeita-se ter alguma relação com presença de estrogênio, pois o mesmo apresenta aumento de incidência após gestação ou reposição hormonal. O tratamento cirúrgico (nos hemangiomas gigantes) é raramente necessário e deve ser definido de maneira individualizada.
  • Hiperplasia nodular focal: encontrado entre 1 e 3% das pessoas, a HNF é muito mais comum em mulheres (8:1), sem um fator causal evidente. A necessidade de cirurgia é muito infrequente (quase nunca), e isso também deve ser considerada caso a caso.
  • Adenoma: mais raro que os anteriores, tem variantes, sendo que uma delas tem relação causal bem estabelecida com o uso de anticoncepcionais hormonais ou esteroides anabolizantes. Muito mais frequente em mulheres. A necessidade de retirada cirúrgica ocorre com frequência pelo risco de malignizar ou sangrar ou de romper dentro do abdome. Como há diferentes subtipos, a indicação cirúrgica deve levar diversos fatores em consideração.
  • Carcinoma hepatocelular: câncer que incide quase sempre no paciente com hepatite viral ou com cirrose, embora tenham aumentado os relatos em pacientes com doença gordurosa do fígado ainda sem cirrose. Nos cirróticos, a incidência gira entre 1 e 4% ao ano, tornando o acompanhamento e rastreio (vigilância), neste grupo, mandatório. Há diversas formas de tratamento, que variam de acordo com o perfil do paciente, o tamanho e a quantidade de nódulos. Há chance de cura, desde que abordado corretamente.
  • Colangiocarcinoma: câncer raro, pouco mais frequente em homens, vem se tornando mais frequente nas últimas décadas. Há poucos fatores de risco conhecidos, como a presença de doença prévia em vias biliares. Quase sempre é diagnosticado ao acaso, em exames de imagem de rotina. O tratamento mais adequado depende de diversos fatores, mas sempre deve ser iniciado prontamente, por tratar-se de uma doença agressiva.
  • Metástases hepáticas: o fígado é o órgão abdominal mais suscetível ao surgimento de metástases de neoplasias malignas de outros órgãos. O mais frequente sítio primário (local do “câncer original”) é o intestino grosso (cólon/reto), seguido por pâncreas, mama e estômago. Dessa forma, o exame de rotina nesses grupos de risco é necessário e poderá haver até mesmo cura em alguns casos, desde que diagnosticados e abordados por especialista em tempo hábil.

 

Todo nódulo deve ser operado?

A primeira respota é não. Como já abordado suscintamente, a conduta varia de acordo com o tipo de nódulo, tamanho, quantidade, localização e das condições clínicas do paciente. A enorme maioria dos nódulos não necessita nem sequer acompanhamento. Quantos aos malignos, quando a doença não é muito avançada, quase sempre devem requerer algum tipo de abordagem, nem sempre cirúrgica. São sempre casos complexos e cujo tratamento deve ser indicado de forma individualizada, uma vez que há diversas abordagens possíveis em alguns casos. Um médico especialista em fígado deve ser responsável pelo acompanhamento.

 

Eu fiz um ultrassom, que mostrou um cisto hepático.

O que devo fazer?

Os cistos hepáticos são muito comuns e sua incidência aumenta com a idade, chegando a ocorrer em 50% das pessoas com mais de 60 anos.

Embora a grande maioria seja do tipo “simples” e quase nunca necessite de qualquer tipo de abordagem, 5% dos casos (não simples) podem exigir cuidados adicionais (em certos casos, o cisto pode ser cistoadenoma ou cistoadenocarcinoma). Um bom exame de imagem costuma ajudar nessa diferenciação, podendo-se complementar a investigação com alguns exames de sangue.

O ideal poderá ser consultar um especialista, para avaliar qual é a melhor conduta em seu caso. Converse com seu médico.

 

Interpretação de exames e conclusão diagnóstica são atos médicos, que dependem da análise conjunta de dados clínicos e de exames subsidiários, devendo, assim, ser realizadas por um médico.